Íntimo pássaro
Amanda Vieira Cham
Nunca parei para olhar o vôo silencioso dos pássaros... Depois de tanto tempo, percebi o quanto é belo! E não é apenas um simples vôo, nele está à essência da liberdade com um toque de saudade.
Neste vôo, lembro-me de minha vida, o quanto foi cheia de nostalgia, contentando-me apenas com o costume das coisas vãs deste mundo apressado. Tenho minhas virtudes guardadas em um lugar onde nenhum herege de má fé possa encontrar para destruir minha natureza divina.
Em memória, fragmentos de sentimento sublime, leve e delicado, assim como um pássaro e sua liberdade; estou em um elo de universos imagináveis, em que o tempo é determinado pelo meu planar silencioso, presentes na saudade poética de versos não escritos por aquele que amava.
Não demonstro o meu abatimento por falta de lindos momentos, é a sua ausência que me faz sofrer, pois além deste sofrimento, trago comigo uma bagagem não muito pesada, apenas um coração e uma flor com suas pétalas quebradas. Olhando para o espelho sujo, embaçado, nele meu reflexo com asas invisíveis, velhas e cansadas. No semblante, a saudade daquele único amor.
O engraçado é que notando, um pouco melhor, em minhas mãos, há um pacote simples, com um laço amarrado a ele um papel que versa: Liberdade...
